Nas décadas mais recentes os jovens brasileiros têm demonstrado um interesse crescente em relação à discussão política. Vale ressaltar que o processo democrático e a ampliação do acesso à internet têm papel importante nesse processo. Entretanto, isso não necessariamente resulta em um debate qualificado a cerca da compreensão do funcionamento do Estado, as arenas políticas e os conflitos de interesse dos grupos e atores sociais.
Nesse contexto, a educação política na escola pode ter uma função primordial para esta qualificação, não só proporcionando o debate político, mas também no exercício da cidadania e compreensão das diferentes visões que compõem este universo.
De acordo com o cientista político, Humberto Dantas, o conhecimento dos indivíduos é um aspecto fundamental para o funcionamento da democracia e exercício da cidadania. Assim, o individuo que busca conhecer suas instituições tende a racionalizar suas análises e participar de forma mais eficaz da vida política.
Porém, quando se fala em educação política em escolas da educação básica, o tema, geralmente, sofre uma série de críticas por parte de setores mais conservadores e do senso comum. Esses grupos reproduzem a idéia de que tal processo educativo político leva a doutrinação ideológica de esquerda ou de direita.
No entanto, o objetivo da Educação Política é justamente o inverso da doutrinação, de modo que visa promover pensamento científico, crítico, livre e autônomo por meio do conhecimento básico das instituições políticas. Conhecer diferentes teorias, visões e autores de forma a contextualizar o conhecimento junto a suas praxes social. Tudo isso pautado na ética, a qual de acordo com Paulo Freire é inseparável da prática educativa.
Por Gilvan Paixão Filho
Fontes:
DANTAS, Humberto. Educação política: sugestão de ação a partir de nossa atuação. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2017.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
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