Na problemática que envolve a relação entre gênero e representação política, é importante destacar os dados da Inter- Parliamentary Union, responsável pelo acompanhamento das representações parlamentarem em vários países de todo mundo. Tais dados mostram o Brasil como um dos países com maior desigualdade de gênero na política, ocupando 134ª posição. Na Câmara Federal há apenas 15% de mulheres ocupando o cargo de deputadas, o que pouco representa diante da população brasileira, composta por 51,8% de mulheres.
Nas eleições municipais de 4 anos atrás, em 2016, somente 13,5% das cadeiras foram ocupadas por mulheres, no ano de 2020 houve um pequeno aumento de aproximadamente 3% em relação a eleição anterior. Ou seja, somente 16,51% de mulheres eleitas, para vereadoras, nas cidades brasileiras. A título de exemplo, se as próximas eleições seguissem tal margem de crescimento, somente em 2076 a paridade de gênero seria alcançada, 14 eleições e 56 anos seriam necessários para alcançar uma representação equânime e justa na política institucional brasileira (ALVES,2020).
Ao levar em consideração a desigualdade de gênero na política, é essencial considerar fatores sociais e históricos. Ter-se claro que desde eventos históricos que marcaram a busca por direitos de cidadania , como a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e a própria democracia nascida da revolução burguesa, não incluía mulheres como indivíduos políticos. Até mesmo atualmente quando se levanta a necessidade de estudos, reflexões e mudanças nas estruturas da representação política para a equidade de gênero.
Ou seja, a cidadania política nasceu marcada com o viés de gênero, como em muitos outros campos da sociedade. Situação que atualmente, para a busca da democracia representativa, se reveste de novos elementos e características que precisam ser observadas e analisadas, na busca pela equidade na representação política da sociedade.
Por Maria Gabriela Bastos
Referências:
ALVES, José Eustáquio Diniz; PINTO, Céli Regina Jardim; JORDÃO, Fátima (Orgs.). Mulheres nas eleições 2010. São Paulo: ABCP/Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2012.
MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Feminismo e política: uma introdução São Paulo: Boitempo Editorial.
TSE - 2020
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