Apesar de crime previsto no parágrafo VI do Artigo 5º da Constituição Federal e do sincretismo religioso-cultural existentes no Brasil, a intolerância religiosa e até atos de ódio são praticados diariamente no país, sobretudo para com as religiões de matrizes africanas.

Para demonstrar um pouco dessa intolerância e perseguição às religiões originalmente negras, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa no Rio de Janeiro (CCIR) aponta que mais de 70% dos 1014 casos de abusos e atos religiosos de violência registrado no Estado, entre 2012 e 2015, são contra as religiões de matrizes africanas. 

Mas por que essas religiões ainda são alvos de ataques e discursos de ódio? 

A causa fundamental reside no racismo estrutural e na cultura de ódio à tudo que pertencente à cultura negra. Uma espécie de negação e não aceitação dessa expressão cultural tão arraigada à cultura brasileira. Alimentando uma espécie de ódio ao diferente, que não é tão diferente assim, pois está na base de formação da identidade do Brasil.

São inúmeros casos dessa intolerância, como criança sendo apedrejada por suas vestimentas que representam sua religião, são terreiros sendo queimados, são religiosos dentro das igrejas falando que religiões como umbanda e candomblé são do diabo, ou algo do tipo. É interessante perceber que a intolerância é praticada, sobretudo, por religiosos radicais. 

A partir de uma perspectiva etnocêntrica atacam outras religiões usando conceitos que são únicos e pertencentes a sua própria religião. Diferente da tradição judaico-cristã não existe diabo nas religiões de matrizes africanas. 

Para tentarmos diminuir esses casos de intolerância e preconceito, é necessária uma educação afirmativa que procure explicar e entender as singularidades dessas religiões de matrizes africanas, para que ocorra respeito e convivência com as diferentes expressões religiosas. 

Uma educação sem os dogmas e paradigmas de intolerância, como praticados por alguns neopentecostais; sem o famoso juízo de valor ou preferências, para que os jovens estudantes, possam entender como as religiões funcionam, e não apenas reproduzir dogmas e verdade fechadas, ou adquirir um conceito pré-concebido sobre elas, que muitas vezes vem arraigado no racismo. 

A necessidade de políticas afirmativas também fica evidente com o aumento dos casos de intolerância religiosa. O Estado é laico, logo as políticas afirmativas precisam atender todas as formas de religião que existem em território nacional, sem julgamentos, preconceitos e privilégios.

Por: Gabriel Costa

Fonte: 

PUFF, Jefferson. “Por que as religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância no Brasil?. BBC Brasil.