Você já ouviu falar sobre Harriet Martineau?

Harriet Martineau (1802 - 1876) nasceu na Inglaterra, foi uma jornalista, ensaísta e economista política, além de importante ativista da emancipação das mulheres e da libertação dos escravos. Autora de mais de 50 livros, estudou de forma sistemática e inovadora a sociedade norte-americana em viagens de campo que realizou para os Estados Unidos, nos anos de 1830, que deram origem ao seu livro: "Sociedade na América".

Investigou a sociedade e o conceito de cultura em seu livro "How to Observe Morals and Manners". Adiantando, assim, muitas questões das quais Émile Durkheim tratou depois em seu livro "As Regras do Método Sociológico".

"O androcentrismo é uma forma particular de viés dentro da história e da prática das ciências sociais. Apenas homens são listados, canonizados e lembrados como clássicos e fundadores. Este viés é notado tanto na negligência da situação das mulheres enquanto objeto de estudo, quanto na negligência de identificá-las como teóricas".

Neste sentido, o processo de inserção de Harriet na historiografia das Ciências Sociais, bem como de outras mulheres invisibilizadas, é de grande importância no processo de combate ao androcentrismo, ao mostrar que é preciso romper com os vieses e mitos eurocêntricos que constituem muito do passado e presente da Sociologia.

"Se a historiografia das ciências sociais não encontrou nenhuma mulher pioneira, não é porque elas não existiram, ou porque elas não foram ‘boas’ o suficiente, mas porque os narradores possivelmente estão procurando em lugares errados, ou usando critérios enviesados."

Harriet Martineau foi demasiadamente relevante para a Sociologia. Ela defendia o estudo da sociedade em todos os seus aspectos, sejam eles sociais, religiosos ou políticos; e acreditava que ao analisar a sociedade seria essencial analisar a vida das mulheres, a instituição do casamento, a vida das crianças, a vida doméstica, religiosa e a questão racial.

Harriet defendia que a Sociologia, além de observar e analisar a sociedade, deveria buscar mecanismos para melhorá-la. Deste modo, atuou ativamente na luta pela emancipação dos escravos e pelos direitos das mulheres.

Por Maria Gabriela Bastos

Bibliografia:
BRAGA FILHO, E. M. A mãe fundadora negligenciada – sociologia e androcentrismo. Rio de Janeiro: Circuito Acadêmico, 2015.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p 33