PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO VALE DO SÃO FRANCISO AVALIAM COMO POSITIVAS AS AULAS REMOTAS MINISTRADAS, APESAR DAS DIFICULDADES ENFRENTADAS
Uma pesquisa realizada pelo Programa Residência Pedagógica, do Curso de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), no primeiro semestre de 2021, indicou que professores de escolas públicas da educação básica (Ensino Fundamental e Médio) da região avaliaram como positivas as atividades letivas, através do ensino remoto, desenvolvidas a partir de 2020 com a pandemia da COVID-19. Também indicam problemas de acesso a internet e equipamentos, informações e materiais das escolas, e acompanhamento e avaliação dos alunos.

RESULTADOS

Perfil dos pesquisados

Foram pesquisados 40 professores, dos quais 75% se declararam do sexo feminino, 80% eram de escolas estaduais (Ensino médio) e cerca de 20% eram de escolas municipais (Ensino fundamental). 65% eram professores em Petrolina (PE) e 25% de Juazeiro (BA); 10% eram oriundos de outros municípios da região.

A maioria (65%) tinha entre 41 e 60 anos de idade, e era bastante experiente (85%) com mais de 10 anos no magistério. As maiores freqüências foram de professores de Português, Matemática, Inglês, História, Geografia, Química e Ciências.

Aspectos Didático-pedagógicos

Apesar dos esforços empreendidos por professores, gestores, familiares e estudantes, 55% dos entrevistados relataram problemas no desenvolvimento dos conteúdos programáticos previstos para o ano de 2020, e só conseguiram trabalhar menos de 60% do conteúdo previsto para suas disciplinas. Sendo que 30% deles conseguiram desenvolver apenas menos de 30% do conteúdo durante todo ano letivo.

Na concepção de 52,5% dos professores pesquisados o desempenho dos estudantes foi classificado como “Regular” e 22% avaliaram como “Ruim”.

Apesar destes problemas, 55% dos professores consideram que não haveria outra forma de cumprir o calendário escolar diferente das aulas remotas. Sendo que 35% dos respondentes admitiram a alternativa do “Ensino híbrido” neste período do primeiro ano da pandemia.

Um outro problema identificado pela pesquisa foi o não acesso de 40% dos pesquisados à vídeos e tutoriais informativos sobre o modelo de ensino remoto adotado pela escola. Em detrimento da observação de 52% que tiveram acesso a estes materiais. Fator que pode indicar falhas nos processos de informação e acompanhamento dos professores.

Quando pedidos para avaliar, numa escala de 0 a 10, o preparo das escolas para o ensino híbrido, 57,5% dos professores deram nota entre 0 (zero) e 5 (cinco). Sendo que 60% dos respondentes deram nota abaixo de 5 (cinco) para os recursos didáticos da escola oferecidos para alunos e professores.

Outra dificuldade apontada pela pesquisa é a avaliação do desempenho dos alunos com as aulas remotas, com 55% dos professores dando notas entre 4 (quatro) e 6 (seis) para os processos avaliativos e de acompanhamento de desempenho adotados.

A falta de equipamentos também foi apontada no estudo. Sendo que 65% dos pesquisados têm apenas um computador em casa, o qual utiliza como única alternativa (82,5%) para suas aulas, além de smartphones (17,5%). Ou seja, qualquer problema no equipamento poderá impactar no andamento das atividades letivas.

Experiências positivas

Apesar das dificuldades e problemas apontados para o desenvolvimento das aulas remotas, 85% dos pesquisados deram nota entre 6 (seis) e 10 (dez) para as vídeo-aulas ministradas; dos quais 52,5% deram nota acima de 8 (oito).

Também foi inferido que 55% consideraram suficientes os materiais adotados em suas aulas para a aprendizagem no formato remoto; e 80% dos entrevistados deram nota acima de 6 (seis) para as orientações repassadas por eles para os estudantes. Sendo as aulas remotas avaliadas com notas maiores que 7 (sete) para 65% dos pesquisados.

Metodologia

A pesquisa foi realizada entre os meses de Março e Maio de 2021 através de formulário eletrônico, contendo questões avaliativas e informativas sobre as atividades didáticas e pedagógicas remotas via Internet.

Participaram da pesquisa professores de 18 instituições de ensino, sendo 12 de Petrolina (8 estaduais e 4 municipais) e 06 de Juazeiro (5 estaduais e 1 municipal). Foram pesquisados 40 professores da educação básica, quase todos dos municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

Trata-se de uma pesquisa survey, qualitativa, exploratória, cuja amostra não-probabilística, tipo bola-de-neve, foi formada com professores que estiveram exercendo a profissão docente no ano de 2020 no formato remoto em escola pública da educação básica dos municípios do vale do São Francisco.

Todos os participantes foram convidados voluntariamente a participar do estudo, após concordarem com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, serem informados dos objetivos da pesquisa e a confidencialidade dos dados pessoais fornecidos.

A pesquisa foi cadastrada junto ao CONEP - Conselho Nacional de Ética em Pesquisa.

CONCLUSÃO

A pesquisa indicou a necessidade de conhecer melhor a problemática do ensino remoto, tendo em vista a complexidade do fenômeno e os desafios que se impõem para sua aplicação no sistema regular público da educação básica.

Os dados preliminares apontaram que com a adoção do ensino remoto emergencial, em função da suspensão das aulas presenciais devido a pandemia da COVID-19, ocorreram dificuldades operacionais, didático-pedagógicas, de gestão, avaliativas e de equipamentos; fatores que podem ter implicações diretas com perdas na formação, avaliação, habilidades e conhecimentos, neste período.

Todavia, revelou compromissos e força de vontade de professores e alunos, os quais, numa rica experiência, precisaram e precisam se reinventar como agentes ativos do processo ensino-aprendizagem, para adotar o ensino remoto de forma experimental, tendo de contar com seus próprios equipamentos e aprendendo de forma colaborativa com suas experiências.

Veja Gráficos e Tabelas, a seguir: