ESTUDANTES APONTAM PROBLEMAS DO ENSINO REMOTO, CARÊNCIA DE EQUIPAMENTOS E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Mais uma pesquisa inédita foi realizada pelo Programa Residência Pedagógica, do Curso de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) sobre o ensino remoto, durante a pandemia da COVID-19, nas escolas públicas da educação básica da região.
Desta vez, foram coletadas opiniões de 263 estudantes do ensino médio dos municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), entre os meses de março e maio de 2021, sobre o ensino remoto adotado nas escolas a partir de 2020.

RESULTADOS
Dos 263 estudantes que responderam o questionário, 61,2% se declararam do gênero feminino e 38,4% masculino. 90,5% têm idade entre 15 e 17 anos.
Do total de respondentes, 81,4% são de Petrolina (PE) e 18,3% são de Juazeiro (BA). Sendo 41,4% do 1º Ano do Ensino Médio, 29,3% do 2º Ano, e 29,3% do 3º Ano.

PROBLEMAS ENCONTRADOS
Um dos problemas apontados pelos estudantes envolvidos com a pesquisa foi a carência de equipamentos e acesso a internet para acompanhamento das atividades escolares. 46,4% dos pesquisados informaram que possuem apenas um computador pessoal ou um tablet em sua residência. Já 36,5% informaram que não possuem nenhum equipamento disponível em casa para acessar a internet. Fatores que podem indicar o uso de equipamentos de terceiro ou familiares, ou ausências nas aulas remotas, dentre outras consequências prejudiciais possíveis.
Outro aspecto interessante observado com a pesquisa é que a maioria dos estudantes pesquisados (64,3%) faz uso com mais frequência de Smartphone para acompanhamento das aulas remotas, ao passo que apenas 28,5% utilizam computador de mesa ou desktop. Fator que pode contribuir com a dispersão e descontinuidade da aula, tendo em vista o recebimento de chamadas e mensagens no aparelho, baixo volume, pequeno tamanho da tela, dificuldades de leitura de textos, mobilidade no aparelho, dentre outros fatores.
39,2% dos estudantes investigados indicaram que não tiveram acesso a vídeo ou tutorial da escola com orientações para desenvolvimento do ensino remoto. Ao passo que 46,4% informaram ter conhecimento de orientações das escolas para professores e alunos. Fator que pode indicar dificuldades de repasse de informações e materiais das escolas para os alunos.
Os estudantes também se avaliaram e os resultados foram preocupantes, pois 55,1% dos respondentes classificaram como “Regular” (31,9%), “Ruim” (13,7%) ou “Péssimo” (9,5%) seus próprios desempenhos durante o ano letivo 2020 com aulas remotas. Apesar desta avaliação negativa, 39.9% consideraram que não haveria outra forma de desenvolver as atividades escolares além das aulas remotas; ao passo que 24,7% admitiram aulas presenciais e 34,2% aulas híbridas.

AVALIAÇÕES FUNCIONAIS
Os pesquisados foram convidados também para atribuírem notas de 1 a 10 para aspectos pedagógicos e funcionais das aulas remotas.
Com relação ao preparo das escolas para o desenvolvimento de aulas remotas, 58,5% dos pesquisados atribuíram notas abaixo de 6. Destes, 46,7% deram nota abaixo de 5. Com relação aos recursos digitais da escola para o ensino remoto, 61,1% dos estudantes deram notas abaixo de 6.
Ao avaliarem se as aulas remotas suprem suas necessidades, 71,4% deram nota abaixo de 6, enquanto 17,1% deram a nota mais baixa possível, um (1).

ASPECTOS POSITIVOS APONTADOS
Além dos problemas levantados pela pesquisa, os estudantes também surpreenderam com avaliações positivas de alguns aspectos das aulas remotas.
76,1% dos pesquisados deram notas acima de 6, e 32,4% deram notas entre 9 e 10, para as orientações e acompanhamentos dos professores durante as aulas.
Também 63,9% dos estudantes deram nota acima de 6 para as videoaulas; dos quais, 32,7% avaliaram este item com notas acima de 8.
Quando perguntados se os materiais utilizados nas disciplinas são suficientes para a aprendizagem em casa, 55,5% deram nota acima de 6, dos quais 27,7% deram notas acima de 8. Em relação às avaliações que foram submetidos regularmente em 2020, 58,1% consideraram estas avaliações eficazes.

METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa survey, exploratória e de base qualitativa, realizada através de aplicação de questionário, via formulário eletrônico, junto a 263 estudantes de seis escolas públicas de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
A coleta de dados foi realizada entre os meses de Março e Maio de 2021, através da Internet, a fim de evitar contatos e aproximações devido aos riscos de contaminação pela COVID-19.
A amostra foi do tipo “bola-de-neve”, não-probabilística, a partir do repasse do link do formulário eletrônico para os alunos com ajuda dos professores das escolas. O critério de inclusão na amostra foi ter sido estudante regularmente matriculado em escola pública da educação básica, da região do Vale do São Francisco, no ano de 2020.
Todos os pesquisados foram convidados voluntariamente a participar da pesquisa, e após leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, responderam ao questionário. Foi garantido o sigilo e anonimato das fontes em respeito aos princípios da ética em pesquisa.
A pesquisa foi cadastrada junto ao Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Confira os gráficos e tabelas: