Uma resposta simples para essa pergunta seria simplesmente dizer que racismo é o preconceito contra pessoas de determinadas raças ou etnias. Mas o racismo é muito mais do que um preconceito. O racismo é, ao mesmo tempo, uma estrutura da nossa sociedade capitalista moderna, uma prática de exclusão social, uma visão de mundo ou ideologia, a respeito da formação de um grupo e uma prática política traduzida em ações coercitivas e, às vezes, violenta por parte de instituições do Estado contra pessoas com determinadas características em comum: pretos, pardos, indígenas, asiáticos, árabes, judeus, etc. Dessa maneira, o racismo não é uma realidade social que pode ser modificada meramente através da superação de um preconceito. Essa é uma visão individualista e subjetiva do racismo, que, inclusive, pode operar como uma forma de culpabilizar as próprias vítimas do racismo pela violência e discriminação que sofrem. O racismo possui raízes históricas de uma lógica social discriminatória, opressiva e violenta. O racismo no Brasil, em particular, tem raízes no processo de colonização e de escravidão indígena e negra instaurada como sistema de produção mercantil pelo governo colonial do império português. Mesmo após o fim da escravidão, esse ideal de superioridade racial branco não só não deixou de existir como se complexificou, através de políticas de criminalização da pobreza, discursos eugenistas de limpeza racial do povo brasileiro e uma organização segregada do espaço urbano do Brasil, que pode ser observado até hoje, numa realidade onde as pessoas negras são as que mais morrem, são a maioria da população carcerária, ocupam os empregos mais precários, quando não estão desempregados e vivem sob péssimas condições de saúde, educação, saneamento, moradia, etc., sendo o fenômeno da periferização, como nas favelas, o perfeito retrato do racismo estrutural brasileiro.
Por Gabriel Belarmino
Fonte: OLIVEIRA, Dennis de. Racismo Estrutural: Uma perspectiva histórico crítica. São Paulo: Dandara Editora, 2021.
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